Morte e memória
1974

Rua Arthur Araripe

Assim que se casaram em 1925, Julio e Nair foram residir na casa de Dona Carolina, a Rua Almirante Gonçalves, em Copacabana, onde moravam também três irmãos de Julio, José Carlos, Nelson e Rubens. Seguindo o conselho do cunhado José Milliet, Julio Cesar comprou um terreno em Ipanema, que na época era um imenso areal. No início da década de 1940, com a valorização do bairro, ele vendeu o terreno e comprou finalmente uma casa para sua família, a Rua Artur Araripe 43, na Gávea, bairro da zona sul da cidade, que começava a ser urbanizado. A rua era de terra, sem saída, e não havia iluminação pública, nem gás encanado. A casa tinha dois andares e nos fundos havia um quintal com duas frondosas mangueiras. Eram comuns as festas com parentes, amigos e alunos. O jogo de cartas na sala com os amigos, especialmente o “Copacabana”, criado por Malba Tahan, ou as infindáveis reuniões no escritório do segundo andar, onde o escritor contava mil histórias, ficaram na lembrança de familiares e amigos diletos. Tudo na casa da Arthur Araripe era muito bem cuidado, com simplicidade e bom gosto. Dona Nair, sempre bonita e caprichosa, comandava os serviços e a economia do lar, assim como a educação dos filhos, para o professor Malba Tahan estudar e escrever seus livros.

Julio e Nair com familiares Casa da Rua Arthur Araripe

Morte e memória

Julio Cesar faleceu no dia 18/06/1974 sendo enterrado no Cemitério de São Francisco Xavier, bairro do Caju, no Rio de Janeiro. Estava no Recife, a convite da Secretaria de Educação e Cultura, ministrando, para professores, os cursos “A arte de ler e contar histórias” e “Jogos e recreações no ensino da matemática”. No hotel, onde se hospedava com sua esposa Nair, sofreu um enfarte às 5:30 h da manhã, quando se preparava para as aulas. Com 79 anos, ele continuava ativo, ministrando palestras e cursos, e mantinha uma coluna diária no Jornal Última Hora. Em sua mesa de trabalho achavam-se cartas que acabara de responder, mas que não havia tido tempo de enviá-las. Encontravam-se também alguns originais de livros inéditos, que aguardavam publicação. Em sua Carta Testamento pedia que seu enterro fosse realizado da maneira mais modesta possível, sem coroa de flores. Em 2013, trinta e nove anos depois de sua morte, em resposta ao Projeto de Lei 3482/04, impulsionado pela Sociedade Brasileira de Educação Matemática, foi criado, na data de seu nascimento, 6 de maio, o Dia Nacional da Matemática. Nessa data celebra-se a Matemática! Nessa data homenageia-se o professor carioca Malba Tahan, pelo valor de sua contribuição à Educação Matemática no Brasil. A memória do escritor e professor Julio Cesar de Mello e Souza permanecerá viva, quem sabe, para sempre!

Leia mais sobre Julio Cesar de Mello e Souza:

Educação Matemática – 1957-1974

Leia também:

Biografia de Malba Tahan